Os cem dias do governo Sartori

Nelson Rodrigues, escritor e jornalista brasileiro, já falecido, foi famoso por suas frases, entre elas a que diz: “ Nada é mais difícil e cansativo do que tentar demonstrar o óbvio”. Mas vou tentar fazê-lo.
Podemos fazer muitas críticas ao governador Sartori, sendo a principal a de que ele não fala. Quando da comemoração dos cem dias de seu governo, o vi na televisão pela primeira vez.
 
Entendo que um governante não precisa e nem deve ficar falando  todo momento, porque se assim fizer lhe faltará tempo para trabalhar. Mas nem tanto ao mar, nem tanto a terra. O povo precisa e gosta de saber do andamento das coisas que envolvem o governo.
 
Feita essa consideração, passo a explicar o que é óbvio para mim e para tantos outros, mas que não é para a maioria da população.
 
O orçamento estadual para o corrente ano foi elaborado com um déficit oculto de R$ 5,4 bilhões, fato esse denunciado por mim em artigo publicado na Zero Hora de 28 de outubro do ano passado.
 
A receita corrente foi estimada com um incremento nominal excessivo,  de 16,7% em relação ao realizado em 2014, sendo 12,6% para o ICMS, cujo acréscimo no primeiro trimestre foi de apenas 4,8%. Com todos os cortes feitos, o déficit no período foi de R$ 740 milhões em apenas dois meses!
 
Duas razões contribuíram para isso. A primeira foi a elaboração de um orçamento totalmente irreal em que só para a folha do magistério faltava R$ 1 bilhão. E a segunda foi a queda da receita, em decorrência da crise econômica, a despeito do aumento do preço de dois grandes responsáveis pela arrecadação, a energia elétrica e os combustíveis, confirmando o que diz a inclemente lei da oferta e da procura que a quantidade procurada diminui quando aumentam os preços.
 
Não é demais repetir que o governo passado criou despesas permanentes contando com recursos finitos, que ele mesmo esgotou, transformando em real  um déficit que era em grande parte potencial.
 
Estamos diante da maior crise financeira de todos os tempos. Não se trata de um problema de governo, mas de Estado. Precisamos da união de todos.

 

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