Lei seca: uma necessidade ou mais um factóide?

Imagine um rio onde nunca havia sido jogada uma rede de pesca. Faziam-se poucas pescarias e somente por meio de anzóis. Porém, a partir de um determinado momento, fossem jogadas redes de malhas finas e, com isso, capturados muitos peixes, pequenos e grandes. Os peixes pequenos decorrem da malha fina, mas os grandes viriam, de qualquer forma, mesmo com a utilização de uma malha mais grossa. Os pescadores certamente atribuiriam o grande desempenho da pescaria àquela rede, que, por ser de malha fina, acabou capturando também os peixes que não deveriam ser capturados.

Pois é mais ou menos isso que está ocorrendo com a nova lei de tolerância zero para as bebidas alcoólicas, com a prisão de pessoas alcoolizadas, com a redução do número de acidentes e com a redução dos atendimentos dos pronto-socorros, etc.

A população em geral atribui tudo isso à lei de tolerância zero (a rede de malha fina), quando na realidade o que ocorreu foi uma melhor fiscalização, o que podia ter sido feito também com a legislação já existente.

Não é a primeira vez que, agindo sobre o sentimentalismo das pessoas, o governo em nome de uma causa justa adota uma solução que busca muito mais a simpatia perante a opinião pública do que propriamente resolver o problema.

Que a direção e a bebida não combinam não há dúvida, que a bebida é a causa de muitos acidentes também é verdade, mas não é uma simples taça de vinho ou um copo de cerveja, tomados com parcimônia, os verdadeiros causadores dos acidentes.
Os verdadeiros transgressores poderiam ser pegos com a legislação já existente, que poderia e deveria ser aperfeiçoada no sentido de alcançar e punir os verdadeiros culpados.

É mais um desvio do verdadeiro foco do problema, como já aconteceu quando tentaram desarmar a população, deixando-a refém dos bandidos. Tanto era desnecessária a medida que a autorização para o uso de armas continuou restrita, com base na lei existente. E, como agora, quando passa a se questionar a lei de anistia dos militares.

O que resolve o problema, repito, é a fiscalização. Sem ela, a lei em causa vai mais é prejudicar os pequenos negócios e gerar desemprego. Mas se era necessária uma nova lei para motivar psicologicamente a fiscalização, estou de acordo com ela, mesmo que continue pensando que ela era plenamente dispensável.

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