Panamericano: a falta de uma explicação

Como vem sendo divulgado, o Banco Central, por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), emprestou R$ 2,5 bilhões ao Banco Panamericano, com um prazo de 10 anos para pagamento, três anos de carência, sem juros e correção monetária pelo IGP-M.
Até aí pode estar tudo bem, pois o FGC é um fundo formado mediante um percentual aplicado aos depósitos bancários. Não é dinheiro público. É uma criação da equipe econômica do governo de Fernando Henrique, para proteger os depositantes, na época, tão demonizada.

O que carece de explicação, no entanto, é o fato de a Caixa Econômica Federal, em dezembro de 2009, ter comprado 50% das ações com direito a voto de um banco falido, onde aplicou R$ 739 milhões. Foi um enorme risco, que poderia implicar na perda de todo esse valor.

Como se explica o fato de a CEF adquirir um volume tão grande de ações de um banco com um desfalque dessa dimensão praticado desde 2006? Não realizou uma auditoria prévia? E, se a realizou, os auditores nada viram?

O apresentador Sílvio Santos, Presidente da Instituição, numa entrevista informa que o Citibank em 2005 lhe ofereceu R$ 1,3 bilhão pelo banco. Como na ocasião ele rejeitasse a proposta, o banco interessado na compra disse que ele ia se arrepender, porque seu banco tinha uma estrutura muito pesada, que ia perder a competitividade. Nem isso a CEF viu quando da aquisição.

O Presidente Lula, quando questionado sobre o assunto, disse que era um problema do Banco Central. Como sempre, nada sabe, nada viu, nada é com ele. De fato quem fiscaliza os bancos é o Banco Central, mas a Caixa Econômica Federal pertence à estrutura administrativa do Governo Federal e por isso a ele estão subordinadas suas decisões, principalmente para uma operação dessa dimensão.

Em setembro, pouco antes, da notícia do escândalo, o citado apresentador esteve com o Presidente da República, mas afirma que a finalidade foi outra, que nem tratou desse assunto.

Por tudo isso é que está faltando uma explicação convincente para o caso. Enquanto ela não vier, o acontecimento deve ser registrado como mais um escândalo financeiro!

Publicado no Jornal do Comércio de 16/11/2010.

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