Quem acompanha o que vimos escrevendo há anos e, especialmente, nos últimos três, sabe que o Estado vem apresentando a cada ano altos déficits em suas contas, que vêm sendo mascarados pelo uso de recursos extras esgotáveis, como destaque para os depósitos judiciais e empréstimos, até para financiar o custeio.
Nesse sentido, temos advertido que o atual governo financiou DESPESAS PERMANENTES COM RECURSOS FINITOS e que os maiores reajustes dos servidores ocorreram no final de 2014, com reflexos nos anos de 2015 e seguintes, quando os referidos recursos extras estariam (como estão) praticamente esgotados. Além disso, foram concedidos reajustes parcelados até novembro de 2018.
Nossa previsão era de um déficit de R$ 5,4 bilhões em 2015, com comportamento crescente, mas sempre estimamos a receita para mais e a despesa para menos.
A matéria da jornalista Rosane de Oliveira, ao falar de um rombo de R$ 7,1 bilhões, apurado por consultoria independente, confirma, ou mais do que isso, vai além de nossa previsão. A seguir a matéria citada.
Conforme referido quando da publicação inicial, nossa previsão era de R$ 5,4 bilhões e nunca de R$ 7,1 bilhões, que a Price não confirmou. Sabe que ela considerou variáveis que não vieram a ser confirmadas pelo governo do Estado, que mantém a previsao inicial, coincidentemente igual a nossa, de R$ 5,4 bilhões.
Rosane de Oliveira: consultoria aponta rombo de R$ 7,1 bilhões nas contas do RS
Nos últimos cinco anos, despesa cresceu, em média, dois pontos percentuais a mais do que as receitas
Governador apresentou os números em encontro com aliados no Galpão Crioulo do Palácio PiratiniFoto: Luiz Chaves / Palácio Piratini/Divulgação
O arroz de carreteiro e o sagu com creme servidos no Galpão Crioulo do Palácio Piratini, ao meio-dia desta quinta-feira, foram indigestos para os deputados e líderes de partidos aliados convidados pelo governador José Ivo Sartori para ouvir um diagnóstico sobre a situação financeira do Estado. Os números levantados pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), contratada pelo Movimento Brasil Competitivo, são de tirar a fome de quem terá de administrar o Estado e dos deputados que precisarão defender as medidas duras a serem adotadas neste e nos próximos anos. O mais assustador deles é o do déficit previsto para este ano: R$ 7,1 bilhões.
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O número choca porque é bem superior ao apurado pela equipe de transição, que estimava o déficit em R$ 5,4 bilhões. Os consultores se vacinaram para possíveis variações, esclarecendo que trabalharam com dados de fontes públicas, até 31 de outubro, e estimativas sobre o fechamento do ano. Os dados da Fazenda são mais realistas, porque contabilizam o Refis e um empréstimo de R$ 1,1 bilhão que entrou no final do ano.
Algumas conclusões são semelhantes às do economista Darcy Carvalho dos Santos, que há meses vem advertindo que no orçamento de 2015 a receita está superestimada e despesa subestimada. No executado de 2014, a receita ficou 5,7% abaixo do previsto e a despesa ultrapassou o estimado em 5,2%. .
Recuando no tempo, a consultoria concluiu que de 2009 a 2014 a receita aumentou em média 11,3% ao ano e a despesa cresceu 13,6%. O mais preocupante, segundo deputados que participaram do almoço, é o esgotamento das fontes de financiamento do déficit. Numa perspectiva otimista, o decreto de contenção de despesas, assinado por Sartori no primeiro dia útil de governo, deve resultar numa economia de R$ 600 milhões no ano. Esse valor equivale a 10 dias do salário de ativos e inativos.
Deputados de diferentes partidos elogiaram a iniciativa de compartilhar as informações, mas cobraram do governo uma estratégia de comunicação para mostrar a situação em que recebeu o Estado. Sartori prometeu dar transparência aos números, “com responsabilidade e sem olhar para trás”. A apresentação deve ser feita até o final de janeiro.