PIB do primeiro trimestre: Uma visão alternativa

O PIB brasileiro caiu 0,8% em relação ao trimestre anterior, o que foi considerado positivo, porque era esperada uma queda muito maior. Não deve ser esquecido, no entanto, que a comparação está sendo feita com uma base muito baixa, o último trimestre de 2008, quando houve uma queda de 3,6%.
A queda acumulada nos dois últimos trimestres foi de 4,5%. Na comparação com o grupo de países emergentes, denominado ‘BRIC”, o desempenho do Brasil foi bem melhor que o da Rússia, cuja baixa foi de 9%, mas pior que o da Índia e da China, que obtiveram crescimentos positivos de 2,1% e de 2%, respectivamente.
Mas a comparação apropriada é a feita com igual período do exercício anterior, e nessa o PIB brasileiro decresceu 1,8%. Nesse mesmo período, o consumo das pessoas aumentou 1,3%, cujas causas principais foram o crescimento do salário mínimo, a redução do IPI e o aumento do crédito ao consumidor.
O fator preponderante para que o decréscimo do PIB não fosse maior foi o aumento do consumo do governo, com uma participação positiva de 2,7% no seu crescimento. Contribuiu muito para esse aumento de consumo o crescimento real de 18% nos gastos correntes do Governo Federal, com igual percentual para a despesa com pessoal, no mesmo período.
Se esse crescimento foi positivo no presente, pode representar um grande problema no futuro, por se tratar de despesa de natureza rígida, que não poderá ser reduzida, mesmo como uma eventual queda de receita, como a que ocorreu no mesmo período, de 6,4%.
O comércio exterior, até então um elemento propulsor do crescimento do PIB, teve um efeito neutro, porque exportações e importações apresentaram decréscimos semelhantes.
O mais grave, no entanto, foi a queda de 14% na formação bruta de capital fixo, o que pode comprometer o crescimento futuro, reduzindo sua participação que já era baixa, de 18,4% do PIB, para 16,6%, respectivamente, no primeiro trimestre de 2008 e de 2009.

Publicado no Jornal do Comércio de 19/06/2009.

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